Esta semana Carlos César deu uma entrevista à RDP Açores em que afirma não ter medo nenhum de enfrentar a Dr.ª Berta Cabral.
Essa afirmação consagra em si duas situações: Primeiro, César entende que deve sistematicamente puxar a Dr.ª Berta Cabral para a berlinda, porque assim vai corroendo a liderança do maior partido da oposição, trazendo à ideia que o Dr. Costa Neves não tem estatuto de líder sendo a verdadeira adversária a Dr.ª Berta Cabral. Segundo, César resume, como aliás vem fazendo há bastante tempo, o PS a si próprio e à sua continuidade como líder e candidato a Presidente do Governo. Na verdade, César sabe como ninguém que sem ele o PS entra em rota de colisão, entra em verdadeiro marasmo de luta fratricida pelo poder e pela liderança.
Convém ter em atenção que no actual quadro político regional, o PS é César, e o PS no Governo só com César. Isto acaba por ser confirmado pela sondagem da RTP, espantosamente anunciada como que se de um grito à navegação se tratasse, tipo: acautelem-se que vamos fazer uma grande sondagem! E logo apareceu César a anunciar que não cobra taxas nos hospitais porque é socialista, e outras boas notícias muito a propósito, não fosse o diabo tecê-las e a coisa dar resultados menos bons.Num país e numa região onde não se assume, no quadro legislativo, que o sistema eleitoral não corresponde à natureza das eleições (supostamente votamos em partidos e em deputados, não em Presidentes do Governo ou em Primeiros Ministros), é curioso verificar que o partido do Governo Regional está sequestrado pelo seu próprio líder, e este, num afã de querer gerar confusão no seu principal opositor, vai desacreditando o seu antagonista, chamando à colação aquela de quem demonstra ter deveras receio. O que César não disse, mas verdadeiramente pensa, é que tem medo, tem muito medo de ver o PS órfão dele próprio a enfrentar Berta Cabral.
Na ilha Graciosa faz falta discutir o futuro, propor alternativas, opinar, ouvir, exigir e procurar alcançar o bem comum. Este espaço pretende dar um contributo. Não teremos sempre razão nem seremos donos da verdade, queremos apenas ser uma pedra no sapato da inércia, da falta de visão e imaginação, do imobilismo estratégico e da cultura do "yes man". Temos uma tarefa difícil, temos de partir muita pedra mas não nos importamos, o burgalhau é sempre útil!
quinta-feira, outubro 19, 2006
Quantos são? Quantos são? ... ( Publicado no Diário da Graciosa )
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