Avança a olhos vistos a obra de ampliação do museu da Graciosa, polémica quanto baste ou não tivesse havido um abaixo assinado com cerca de mil assinaturas a contestar o projecto.
Já venho dizendo que é uma obra necessária e que nessa medida não vale a pena sequer insinuar que não quero que seja feita.
A questão que leva à contestação desta obra tem que ver com a "moderna" arquitectura e a sua localização, bem no centro da Vila classificada de Santa Cruz, paredes meias (literalmente), com um
antigo solar e uma habitação mais recente mas, diga-se, bem inserida no conjunto arquitectónico.
Esta obra de ampliação, certamente, seria menos problemática se se tivesse escolhido um local mais amplo e, ainda que relativamente central, não se impusesse à traça antiga e preservada, até por lei, da Vila sede de Concelho.
Mas optou-se por "encaixar" esta obra num pequeno espaço, dando - à medida que a mesma ganha dimensão - a ideia de que foi, na verdade, uma má opção.
Independentemente da questão estética e da suposta modernidade, ou da marca do nosso tempo que se pretende deixar - tudo isso discutível e controverso - a obra de ampliação do museu não se conforma com a lei de urbanismo deste país e desta região. As paredes meias com os edifícios que a ladeiam fazem com que o vizinho ao abrir a janela dê de caras com uma parede sombria e, pasme-se, num dos casos não distará mais do que um metro e pouco.
Mais do que tudo o que se possa afirmar em favor da contemporaneidade do novo edifício, este viola grosseiramente o Regulamento Geral das Edificações Urbanas, viola o direito privado e causa um mal estar geral na população onde o que mais se ouve é que o Governo pode fazer o que quer e não há lei que se aplique, enquanto os privados estão sujeitos à mais impiedosa aplicação da lei. Seja a lei dos edifícios, seja a lei da Vila classificada.
E a somar a isto está uma Direcção Regional da Cultura, zeladora da lei que classifica Santa Cruz e que tantos pareceres negativos deu à mais simples das operações urbanísticas, que teve a policarpa iniciativa de demonstrar toda a força do Estado Regional, acima de qualquer lei, para deixar uma marca intemporal (se não pela obra, pela polémica causada)!
Se fosse apenas pela estética, a conversa era de moda e dos conceitos que a mesma incute na projecção de novos edifícios, mas a questão vai além do impacto visual, vai além do simples gosto de cada um e demonstra a insensatez de quem se deixou de importar com o mais simples dos conceitos democráticos: de que o estado está ao serviço dos cidadãos e de que a lei é igual para todos!
Publicado no Diário Insular de Terça-feira 2/03/2010
Já venho dizendo que é uma obra necessária e que nessa medida não vale a pena sequer insinuar que não quero que seja feita.
A questão que leva à contestação desta obra tem que ver com a "moderna" arquitectura e a sua localização, bem no centro da Vila classificada de Santa Cruz, paredes meias (literalmente), com um
Esta obra de ampliação, certamente, seria menos problemática se se tivesse escolhido um local mais amplo e, ainda que relativamente central, não se impusesse à traça antiga e preservada, até por lei, da Vila sede de Concelho.
Mas optou-se por "encaixar" esta obra num pequeno espaço, dando - à medida que a mesma ganha dimensão - a ideia de que foi, na verdade, uma má opção.
Independentemente da questão estética e da suposta modernidade, ou da marca do nosso tempo que se pretende deixar - tudo isso discutível e controverso - a obra de ampliação do museu não se conforma com a lei de urbanismo deste país e desta região. As paredes meias com os edifícios que a ladeiam fazem com que o vizinho ao abrir a janela dê de caras com uma parede sombria e, pasme-se, num dos casos não distará mais do que um metro e pouco.
Mais do que tudo o que se possa afirmar em favor da contemporaneidade do novo edifício, este viola grosseiramente o Regulamento Geral das Edificações Urbanas, viola o direito privado e causa um mal estar geral na população onde o que mais se ouve é que o Governo pode fazer o que quer e não há lei que se aplique, enquanto os privados estão sujeitos à mais impiedosa aplicação da lei. Seja a lei dos edifícios, seja a lei da Vila classificada.
E a somar a isto está uma Direcção Regional da Cultura, zeladora da lei que classifica Santa Cruz e que tantos pareceres negativos deu à mais simples das operações urbanísticas, que teve a policarpa iniciativa de demonstrar toda a força do Estado Regional, acima de qualquer lei, para deixar uma marca intemporal (se não pela obra, pela polémica causada)!
Se fosse apenas pela estética, a conversa era de moda e dos conceitos que a mesma incute na projecção de novos edifícios, mas a questão vai além do impacto visual, vai além do simples gosto de cada um e demonstra a insensatez de quem se deixou de importar com o mais simples dos conceitos democráticos: de que o estado está ao serviço dos cidadãos e de que a lei é igual para todos!
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