Todos sabemos bem que o verdadeiro desenvolvimento dos Açores passa por reduzir a nossa dependência externa, equilibrando a nossa balança comercial, produzindo os nossos alimentos, importando menos e exportando os nossos produtos.
Essa vertente do nosso desenvolvimento assenta numa rede de transportes que sejam veículo de mobilidade de produtos e de pessoas, apostando num mercado interno que valorize e diversifique a oferta de cada uma das ilhas, para que a cada uma das outras seja dada a oportunidade de consumir o que é nosso.
Quem conhece a realidade das ilhas mais pequenas, com mercados menos competitivos, sabe bem que só com a existência de um alargamento desses mercados se pode ambicionar que na agricultura, nas pescas ou na industria, se possa apostar na produção, valorizando a respectiva cadeia de valor, permitindo a criação de riqueza e de emprego, que são a locomotiva para a fixação de pessoas e o regresso dos nossos jovens á sua ilha.
Este processo e esta visão de um futuro de sucesso para os Açores foi exposto com clareza por Berta Cabral na sua recente visita à ilha Graciosa.
Como é que podemos aceitar que seja mais fácil e barato adquirir em S. Jorge produtos do Continente ou da América do Sul, do que idênticos produtos provenientes das Flores ou da Graciosa? Como é que se explica que seja mais barato comercializar na Graciosa frutas e legumes vindos do exterior quando a ilha tem inegáveis condições para os produzir? Onde que que se falhou para que isto aconteça?
A resposta está no modelo de desenvolvimento que não foi capaz de criar um mercado interno com suficiente dimensão para tornar possível o investimento na produção e na transformação dos nossos produtos.
No futuro esse caminho terá de ser percorrido com a visão de quem vai dando sólidas provas de ter um verdadeiro projecto de desenvolvimento sustentável para os Açores.
É claro que quem nos vem governando há já 15 anos vive na ânsia de se afirmar como alternativa dos seus próprios erros. Mas não basta copiar as boas ideias e os bons projectos para o futuro dos Açores! Aqueles que sempre souberam que o caminho nunca poderia passar ao lado da mobilidade e da proximidade nas relações comerciais entre as diferentes ilhas, mas que falharam nesse objectivo, não serão parte da solução, sendo, isso sim, parte do problema.
A mudança protagonizada por Berta Cabral assegura que a próxima Presidente do Governo tem o conhecimento e a visão necessárias para inverter o processo de desertificação que atormenta o futuro das ilhas mais pequenas.
Publicado no Diário Insular e Rádio Graciosa
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