Numa região democrática, que preza a diferença de opinião, que valoriza a
diversidade e que aceita o contraditório, é essencial que não sejam
estes propósitos apenas declarações vagas e circunstanciais mas que se
pratique, a cada dia, em cada ocasião, em cada opinião, esse vigor
democrático.
Vem isto a propósito de uma situação ocorrida há não
muito tempo e que nos faz pensar sobre a genuína colocação de um cravo
vermelho na lapela por parte de alguns governantes destes Açores
autonómicos.
Através de um comunicado, o Conselho de Redacção da RTP
Açores denunciou uma atitude de um Secretário Regional, Contente de seu
nome, que em pleno directo televisivo retira o microfone à jornalista e
começa a falar! De acordo com o comunicado, esta situação surge num
assomo de ciúmes por a líder do PSD, Berta Cabral, ter aparecido no
noticiário nacional a propósito das enxurradas que se abateram sobre S.
Miguel. Diz ainda o tal comunicado que o governante socialista não
queria que as imagens de Berta Cabral fossem enviadas para Lisboa e que,
ele próprio, queria entrar em directo nos noticiários. Vai daí, cola-se
à jornalista e, estando esta a realizar o seu trabalho, agarra-se ao
microfone e começa a falar. O camera mantém o plano sobre a enxurrada e
percebe-se pelo som a descrição denunciada no comunicado.
Bem sei que
o senhor não se chama Relvas nem é ministro da república. Tão pouco tem
a importância que ele próprio gostaria e sonha vir a ter após Outubro
de 2012, mas é alguém que está numa cadeira do Governo vai para 16 anos e
reflecte bem o estado de soberba no exercício de funções a que se
chegou nos Açores.
Imagine-se o que seria se esta cena se passasse em
qualquer democracia ocidental! O escândalo e os horrores que seriam
ditos por aqueles que a cada 25 de Abril distribuem cravos vermelhos e
recordam o Grândola Vila Morena importados para a alma açórica!
Viriam
declarações de repúdio dos quatro cantos do mundo, dir-se-ia que
estávamos perante um atentado à liberdade de imprensa, e
arregimentavam-se cronistas em defesa da democracia pedindo a cabeça do
governante. Mas por cá já pouco espantam estas atitudes de quem se acha
dono de tudo, de quem pensa que os lugares são para serviço do partido,
de quem cuida que as vagas nos serviços da região são para ocupar pelos
amigos, de quem arrebata o orçamento regional e os impostos dos
açorianos para buscar reconhecimento eleitoral.
Foi pena não ter
aparecido um qualquer telemóvel a filmar as cenas descritas. Certamente
que seriam corridas pelas televisões e redes sociais denunciado o regime
socialista dos Açores.
(publicado no Diário Insular e Rádio Graciosa)
Na ilha Graciosa faz falta discutir o futuro, propor alternativas, opinar, ouvir, exigir e procurar alcançar o bem comum. Este espaço pretende dar um contributo. Não teremos sempre razão nem seremos donos da verdade, queremos apenas ser uma pedra no sapato da inércia, da falta de visão e imaginação, do imobilismo estratégico e da cultura do "yes man". Temos uma tarefa difícil, temos de partir muita pedra mas não nos importamos, o burgalhau é sempre útil!
quinta-feira, maio 31, 2012
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