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quarta-feira, maio 23, 2012

"Sacudir a água do capote"

Um ano depois de Portugal ter abdicado de boa parte da sua soberania, passando de país que beneficiava de avultados fundos comunitários a país que ficou de mão estendida pagando um preço elevadíssimo em custos sociais, assistimos nos Açores a uma espécie de amnésia socialista sobre as causas e as consequências de um acordo de resgate que obrigou a medidas de austeridade de grande impacto na vida das famílias e das empresas.

De repente, isto é, em menos de um ano de mandato do Governo da República, tudo serve para culpar quem assumiu a governação de um país falido e acorrentado às medidas impostas  pelo acordo celebrado com a troika. Medidas essas que, por exemplo, obrigam Portugal a poupar 500 milhões de euros em apoios sociais.  

Para os socialistas dos Açores, o Governo da República passou a ter umas costas de tal forma largas que não se cansam de falar nele em cada momento de propaganda que assinalam em todos os actos públicos que realizam. Falam do desemprego culpando o corte de subsídios, mas esquecem que o desemprego foi gerado antes desse corte; falam da emigração dos jovens, mas esquecem que nos Açores o fenómeno de saída de jovens das ilhas se vem arrastando há largos anos; falam de coesão social, mas omitem que os Açores têm uma pobreza persistente, os mais baixos salários do país, a maior percentagem de beneficiários do RSI, ou as pensões mais baixas de Portugal! Em suma, escondem-se por detrás das medidas impostas pela bancarrota a que nos conduziram, tentando com isso que os açorianos esqueçam que estavam ao lado daqueles que, durante 13 dos últimos 16 anos, governaram Portugal.

Ironicamente, assumem-se defensores da autonomia, mas confessam-se, em cada momento, impotentes para demonstrar as virtudes do governo autonómico. Passam a vida a queixar-se e a lembrar que deve ser a república a assumir obrigações e despesas, por exemplo, nas obrigações de serviço público de transportes aéreos, mas nunca, mesmo nunca, se lembram que as indemnizações de serviço público nas viagens inter-ilhas são pagas integralmente pelo orçamento regional, e que custam menos por ano do que a renda a pagar pela SCUT de S. Miguel.

A esta insistente vontade de passar o tempo a falar dos outros, a culpar os outros, ou a pedir responsabilidades a outros chama o povo "sacudir a água do capote"!

A pouco mais de cinco meses dos Açorianos escolherem o seu governo e quem o deve liderar neste tempo de dificuldades, é importante escolher quem possa assumir a responsabilidade de combater o flagelo do desemprego, das falências e da crise social. Não é tempo de fugir às responsabilidades ou de abandonar funções.


(publicado no Diário Insular e Rádio Graciosa)

 

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