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terça-feira, maio 26, 2015

A região virtual - Açoriano Oriental


A região virtual

"Cada Açoriano tem um rendimento disponível superior em €381 ao que se regista no país, ou seja, cada família açoriana, se for constituída, em média, por quatro pessoas, usufruiu de um rendimento em cerca de 1.500 euros superior ao que se verificava nas famílias do resto do país", afirmou, recentemente, o vice presidente do Governo, Sérgio Ávila.

Esta afirmação é, no mínimo, um insulto para milhares de açorianos que não conseguem obter um rendimento sequer próximo daquilo que fala o mago das Finanças Regionais.

Pense-se, por exemplo, nos idosos e em 52.000 pensionistas que recebem em média menos do que €350 por mês. Ou ainda nos 18.000 beneficiários do R. S. I. e nos milhares de desempregados que subsistem nos Açores.

Sinceramente, não sei de quem falava o vice-presidente. O que sei é que milhares de açorianos, mesmo que tenham emprego em que um casal não recebe muito mais que o salário mínimo e que tenha pelo menos 2 filhos, certamente que não vivem na região descrita. E aqueles idosos que vivem sós ou acompanhados por outro idoso com pensões mínimas, sociais e rurais que estavam congeladas por governos de que fazia parte António Costa, nem sequer ficam perto de um rendimento de €381 que, segundo a engenharia financeira, cada açoriano tem a mais do que outro português.

Talvez Sérgio Ávila pensasse apenas em determinadas situações que até têm rendimentos em média superiores, mas que também as estatísticas enganam, como por exemplo os colaboradores das empresas públicas regionais, em que 215 milhões de euros pagam 6500 colaboradores, portanto, estes, em média, recebem 14 vezes por ano mais de €2300. Ainda que estas empresas tenham uma dívida superior a 1500 milhões de euros.

A região de Sérgio Ávila é uma região virtual em que, se o próprio for ao restaurante e comer dois bifes, o mendigo que está à porta terá no dia seguinte, também segundo o próprio Sérgio Ávila, comido um dos bifes da refeição dele, mesmo que se tenha limitado a receber uma moeda à saída.

Há já muitos anos que temos um governo que insiste que a mediana da sociedade açoriana pressupõe um alto nível de vida quando, na realidade, o que existe é uma enorme diferença no rendimento dos mais abastados comparativamente ao número de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza, pelo que essa mediana traduz uma sociedade virtual.

Só mesmo por mero despudor se pode insultar a maioria dos açorianos, dizendo que o seu rendimento é superior ao dos restantes portugueses em 381 euros, quando há milhares de pessoas nos Açores que apenas sonham receber isso por mês.

O vice-presidente e representante do socialismo regional no projeto de ilusões para a década em Portugal reflete um socialismo mais do que derrotado na Europa.

O mesmo socialismo que quando está no poder ilude acerca do verdadeiro modelo social que implementou e que, quando quer chegar ao poder, apresenta a ilusão de que o seu modelo trará progresso.

Na via açoriana há uma triste ironia: a região com um modelo social falhado é simultaneamente o orgulho dos soldados virtuais do Estado Social!

Paradoxalmente esse Estado Social alimenta a justiça social apoiando os mais carenciados mas igualmente alimenta-se da manutenção das desigualdades sociais.

Vive-se a ideia de sucesso do modelo mas não ocorre desenvolvimento social. Apenas a aparência conta. E nesse sentido todas as famílias dos Açores com dois filhos ganham mais 1500 euros por mês do que os seus pares do continente.

Um absurdo!

Uma manigância!

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