Desigualdade, a berma na via socialista
Eu não tenho nenhum prazer em mostrar a quem rejubilou com uma espécie de anúncio sobre vivermos numa região em que uma família de quatro elementos (dois adultos e duas crianças) ganha, em média, mais 1500 euros do que no resto do país, a manigância desse entendimento.
Essa "série estatística" difundida por altos responsáveis, como o Vice-Presidente do Governo ou a Secretária Regional da Solidariedade revela, afinal, o desnorte socialista perante a sociedade mais desigual que existirá do Atlântico aos Urais!
A região tem 70 mil cidadãos isentos de pagar taxas moderadoras na saúde, unicamente por preencherem o requisito de estarem numa situação de insuficiência económica.
Destes Açorianos, 18 mil beneficiam do RSI, sabendo-se hoje que as quatro regiões de Portugal com maior incidência de beneficiários por percentagem de população são as ilhas de São Miguel, Terceira, Santa Maria e Graciosa. Nas 10 primeiras estão igualmente São Jorge e Faial.
Os Açores são mesmo a região onde a quantidade de pessoas que necessitam de um apoio de pobreza por percentagem de população, é mais do triplo da média nacional.
Em São Miguel, 15 por cento da população residente é beneficiária do RSI, e em concelhos como a Ribeira Grande são 20 por cento dos munícipes.
De todas estas pessoas que recebem em média 69 euros de RSI por mês e que vivem com enormes dificuldades para se aguentarem no "balanço", nenhuma delas faz parte do tal quadro pintado em tons de rosa pelos responsáveis governativos das finanças e da solidariedade.
É que em nenhum destes lares aparecem rendimentos de 1500 euros a mais por mês relativamente ao resto do país, porque em nenhum deles entram sequer esses 1500 euros.
Mas para que os governos não deixem de perceber que nem todos estão nos círculos de referência dos governantes socialistas – e que há muitos milhares que não se revêem na via socialista – é necessário lembrar que há lugares dos nossos Açores em que muito boa parte da população vive com muito pouco, mesmo que haja outra parte que faça subir a estatística, ou a média, como queiram chamar.
Poderia ilustrar com o caso dos mais de 6000 colaboradores do Sector Público Empresarial Regional, que recebem, em média, 2300 euros por mês – mesmo que muitos estejam com bases salariais que fazem avolumar os que estão em insuficiência económica – a verdade é que há cada vez maiores discrepâncias na sociedade açoriana.
Numa sociedade com tais desigualdades, em que para que estatisticamente o rendimento dos açorianos, segundo o governo regional, está a aumentar e seja consideravelmente superior ao resto do país, há uns bons milhares de cidadãos que revelam que grande parte das pessoas vive abaixo da linha de água e, por isso temos as mais altas percentagens de incidência de RSI e elevadas taxas de isenções, por insuficiência económica do agregado familiar.
Pelo caminho de combater as desigualdades e a exclusão vem também o governo regional, pela mão da Secretária da Solidariedade, anunciar com pompa e circunstância que dos 1100 milhões de euros do quadro comunitário para 2020, onze (!) serão destinados à inclusão. Um valor que diz bem das prioridades para fazer realmente a diferença, pois quem convive bem com tanta desigualdade e pouco investe na inclusão, certamente pensa que nos lares dos açorianos todos festejam não terem de pagar taxas moderadoras, porque não têm dinheiro para o fazer!
Estes estão à margem do sucesso e pararam na berma da via açoriana, anunciada pelo PS.