Da Grécia à Venezuela, podemos?
Ficou-se a saber através de uma queixa feita pela oposição ao regime chavista da Venezuela - um regime marcado pelo populismo e pela socialização extremista da sociedade - que terá havido um financiamento ao "Podemos", movimento/partido espanhol geminado ou irmanado com o Syriza que governa a Grécia e que cavalga uma campanha populista de divisão entre os povos da Europa, num pretenso grito de liberdade que se baliza pelo calote em troca do suposto combate à miséria!
Este eventual financiamento chavista a uma tese que se sustenta no ódio ao entendimento entre povos numa Europa comunitária, forte economicamente e com uma moeda comum de partilha e, sobretudo, de solidariedade levanta a dúvida sobre o que realmente está na base de movimentos de extrema esquerda que pretendem assumir os governos dos Estados, de preferência através de roturas e conflitos, que abonam sempre a favor de regimes que se alimentam das adversidades dos povos para lograr um poder absoluto e duradouro.
Na verdade, começa a parecer tudo menos ingénuo o que realmente motivava esta intenção de rompimento com a construção europeia, que com muito ainda para consertar, tem vindo a trazer muitos mais progressos civilizacionais à Europa e muitíssima mais solidariedade do que qualquer regime baseado no poder socialista alicerçado numa perspetiva de conquista de votos através do populismo e da demagogia!
E não deixam de ser notórios os tiques desse populismo e de aproveitamento das dificuldades geradas pelos processos de ajustamento que atingiram países onde o poder assentava, em grande medida, na necessidade do Estado para toda e qualquer concretização por parte dos indivíduos.
O populismo que venceu as eleições gregas fez crer, um pouco como Hollande em França, que se podia ter o melhor de dois mundos, assente numa realidade virtual baseada na promessa da erradicação espontânea das dificuldades que nunca surgirá!
E perante o fracasso de quem pensou que por estar à beira do abismo podia dar um passo em frente, ou atuar como quem diz "segurem-me que eu vou-me a ele", logo se assiste a um atirar de culpas para outro, ou inimigos externos, como agora faz Tsipras, dizendo que Portugal e Espanha se aliam à Alemanha num "eixo" para derrubar o Governo Grego. Curiosamente com uma referência a um período negro da história da Europa com as forças do "Eixo" centradas na Alemanha mas que, contraditoriamente, é feita pelo líder de um governo grego de coligação que se aliou a um partido da extrema direita numa estranha fusão de poder populista.Perante o fracasso do rumo incendiário que propunha conquistas com a sua eleição, a extrema esquerda chavista da Europa quer tomar o poder onde encontrar maiores fragilidades e maiores dificuldades para prometer todas as curas e para isso até conta com um professor Varoufakis que tem todas as receitas e todos os discursos para resolver todos os problemas, só não tem mesmo é o dinheiro!
Nestes anúncios de dar tudo em troca de um voto voltamos ao mesmo de sempre: a mão estendida do povo que não se liberta do jugo do poder sacralizado em bons atores políticos. Não mais do que isso!
O projeto de uma comunidade europeia, capaz e economicamente forte para ser solidária e capacitadora nunca se fará à custa deste divisionismo e desta forma de conquista do poder pela demagogia do facilitismo.
A venezuelização da Europa só pode servir para enfraquecer as sociedades, levando-as talvez novamente, às senhas para pôr pão na mesa!
* Deputado na ALRAA pelo PSD/A
Na ilha Graciosa faz falta discutir o futuro, propor alternativas, opinar, ouvir, exigir e procurar alcançar o bem comum. Este espaço pretende dar um contributo. Não teremos sempre razão nem seremos donos da verdade, queremos apenas ser uma pedra no sapato da inércia, da falta de visão e imaginação, do imobilismo estratégico e da cultura do "yes man". Temos uma tarefa difícil, temos de partir muita pedra mas não nos importamos, o burgalhau é sempre útil!
terça-feira, abril 07, 2015
Da Grécia à Venezuela, podemos? - Açoriano Oriental
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