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quarta-feira, janeiro 07, 2015

Pescas e Agricultura - que futuro?

O representante dos pescadores nos Açores afirmou, recentemente, que 2014 foi um "ano negro" para as pescas. E a verdade é que temos sido sempre brindados com mais e mais problemas neste importante sector da economia regional. São os baixos rendimentos; é a falta de recursos; o sobredimensionamento da frota; é a questão do Fundopesca sempre a servir de instrumento da politiquice ao invés de ser uma medida de apoio social eficaz, enfim, um sem número de problemas que leva a devermos, além de lamentar o mau ano passado ou os problemas do presente, ser capazes de ter uma atitude de exigência perante as políticas para o sector, pois a sustentabilidade futura não pode continuar a ser posta em causa.

No âmbito do sector agrícola, aquele que mais peso tem na economia dos Açores, vamos assistindo, surpreendentemente, a um completo desnorte sobre o futuro próximo. Há uma espécie de silêncio concertado entre dirigentes e governo regional sobre os efeitos devastadores que pode assumir na região o final das quotas leiteiras na Europa. E esse é um silêncio comprometedor, pois já há vários anos que o fim do sistema de quotas foi encarado pelo poder regional como um assunto sem solução, desistindo de encontrar verdadeira alternativa para o modelo de produção que não terá capacidade de competir num regime aberto, restando as eventuais compensações que mais não são que um paliativo para um sector que fica de "calças na mão", muito por culpa da falta de estratégia governamental para enfrentar os sucessivos problemas.

Não deixo de assinalar que a fragilidade destes sectores primários nos Açores nos leva a recorrentes discussões, seja porque o leite baixou uns cêntimos, seja porque o Fundopesca não foi activado quando necessário.

Andamos há demasiado tempo a "assobiar para o lado", ignorando que é necessário que se definam políticas de médio e longo prazo, cujos efeitos devem ser precedidos pela sustentabilidade e não por um sem número de falácias destinadas apenas a contentar simpatias de momento, como tem sucedido na relação do poder socialista com o sector primário da economia açoriana, o que é agravado por ser este o único sector que vai consagrando alguma indústria na região.

Acrescenta-se a este "empurrar com a barriga" uma completa - ou quase - instrumentalização do associativismo e do dirigismo, em que se pensa mais em estar bem com o Governo, muitas vezes tratado como "o nosso Governo", sem cuidar que não existe uma verdadeira defesa de um determinado sector, perante a demonstrada ignorância governativa na escolha de políticas, que libertem as pescas e agricultura do jugo das dependências de apoios ou de realizações do Estado, como o apoio a infra-estruturas megalómanas ou a projectos sem qualquer viabilidade económica e sem outro interesse que não seja o folclore político que rodeia esta forma de relacionamento entre Governo e governados.

O futuro dos Açores passa em grande medida por não permitir que se continuem a adiar decisões ou a ignorar a realidade por que passam as pescas e a agricultura dos Açores.

Oxalá que se abandonem de vez as preocupações com festas e sorrisos para a fotografia oficial e se debatam, com seriedade, as questões com que os Açores se enfrentam.

Bem sei que é muito mais fácil andar a dizer que tudo está bem e que todos os males são culpa ou do tempo ou da Europa ou da república. Mas bom mesmo era sermos capazes de governar o que é nosso.


(Publicado no AO, DI e RG)



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