Fazia já algum tempo que não colaborava com o Diário Graciosa através destes pequenos espaços de opinião ou de desabafo sobre os problemas que afectam a nossa comunidade e a nossa ilha Graciosa.
Foi uma pausa pensada, e forçada pela circunstância de esperar algumas respostas aos desafios que vou fazendo à classe política Graciosense, em particular aos que estão ligados ao poder e ao Governo Regional.
Dizem que quem espera desespera, e assim é, ou tivesse eu paciência de Santo que, por defeito ou feitio, não tenho.
Mas cá vai a Graciosa, esperando que algo aconteça, que se vão lembrando de nós, que respondam aos nossos apelos.
Mais do que ser ausente do panorama decisório e estar longe da atenção que tanto anseia e merece, a Graciosa vai vivendo um confrangedor monólogo, em que cada vez mais são os cidadãos que vão manifestando a sua opinião sobre questões que urgem soluções, mas que não encontram resposta ou a devida e merecida atenção.
Muito vou lendo e ouvindo sobre o que se diz na nossa terra, e muito vou desesperando pelo actual estado das coisas.
Alguns políticos, que há vários meses nada têm a dizer aos Graciosenses, vão escondendo a sua vergonha por este abandono a que fomos votados. Será que, também eles já abandonaram o desejo de querer lutar pela nossa terra?
Há algum tempo, o partido do Governo dizia em comunicado que a sua “acção política consiste em falar para sermos escutados e não apenas para sermos vistos”.
Pois é, falar? Claro que sim. Ser escutado? Parece que não. Sem ser visto é apenas consequência de falar pouco e ser-lhes dada pouca atenção.
Para além disso, o que se exige no falar, ser escutado e ser visto é recíproco numa acção política de defesa dos interesses da comunidade que os elegeu, nas explicações dadas aos cidadãos sobre os assuntos que afectam o desenvolvimento, que são responsabilidade do governo que representam e nas respostas que se obtém da sua acção.
Presumo pois que, falando pouco, e nada sendo visto, é perfeitamente natural que os representantes do Governo na ilha Graciosa, se mantenham à margem do debate político Graciosense, não respondam a nada e se limitem a, de vez em quando, lançar uns comunicados pejados de ofensas pessoais e gratuitas, sem sombra de conteúdo e nada úteis para o bem da Graciosa.
Noto ainda que, outras vozes se vão mostrando inconformadas com o actual estado das coisas, com a ausência de resultados e com o cabisbaixo desempenho dos representantes do Governo na ilha Graciosa.
Gostava de ver maior empenho e menos atitude de vitimização quando a Graciosa clama atenção e espera resultados, mas conto já com um, mais do que óbvio, regresso à berlinda, ou não fossem unas promessas para lançar, umas obras para inaugurar em vésperas de eleições ou outras reinauguradas para deleite de quem rejubila por um prato de lentilhas.
Na ilha Graciosa faz falta discutir o futuro, propor alternativas, opinar, ouvir, exigir e procurar alcançar o bem comum. Este espaço pretende dar um contributo. Não teremos sempre razão nem seremos donos da verdade, queremos apenas ser uma pedra no sapato da inércia, da falta de visão e imaginação, do imobilismo estratégico e da cultura do "yes man". Temos uma tarefa difícil, temos de partir muita pedra mas não nos importamos, o burgalhau é sempre útil!
terça-feira, maio 15, 2007
Prato de Lentilhas! (publicado no Diário da Graciosa)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário