Passou pelos Açores o furacão “Gordon”, e a sua aproximação foi um verdadeiro teste à nossa capacidade de organização para enfrentar este tipo de fenómenos naturais.
Felizmente o “Gordon” não será lembrado pela sua destruição.
Felizmente, a sua passagem não foi mais do que um teste à resistência e organização dos Açoreanos e, aparentemente, tudo estava bem definido, todos sabiam bem as suas obrigações, e todos estavam atentos às necessidades da população. Aparentemente a nossa Protecção Civil está de parabéns.
Mas, nisto de lidar com adversidades de grande envergadura, há sempre alguém que toma uma ou outra medida que, aparentemente, passa ao largo da racionalidade exigida.
Refiro-me concretamente à decisão de fechar as escolas mantendo em casa os alunos.
A medida em si é sensata e adequada às previsões que surgiam sobre a eventual força destruidora que se aproximava, mas houve algo sobre o qual imediatamente me questionei: Então e as crianças ficam entregues a quem? Ter-se-á o Governo lembrado de que a maioria dos Açoreanos, infelizmente, não tem o nível de vida dos seus governantes? E, por sinal, não podem contratar amas ou outros serviços para cuidar dos filhos afim de poderem ir trabalhar? Terá o nosso Governo pensado nesse “pormenor”? E se pensou nisso, deliberadamente optou por nada fazer para acautelar esse factor?
Parece-me que seria mais sensato pensar-se, desde já, como justificar, sem ser em prejuízo dos pais, as faltas que estes deram por não terem com quem deixar os filhos. Será de elementar justiça que se contemplem estas situações quando se decidem medidas como a de fechar as escolas.
É nestas “pequenas” coisas que se afere da noção do real que os nossos membros do Governo têm, e aqui, também eles, passaram ao largo.
Na ilha Graciosa faz falta discutir o futuro, propor alternativas, opinar, ouvir, exigir e procurar alcançar o bem comum. Este espaço pretende dar um contributo. Não teremos sempre razão nem seremos donos da verdade, queremos apenas ser uma pedra no sapato da inércia, da falta de visão e imaginação, do imobilismo estratégico e da cultura do "yes man". Temos uma tarefa difícil, temos de partir muita pedra mas não nos importamos, o burgalhau é sempre útil!
quinta-feira, setembro 21, 2006
Ao largo (publicado no Diário da Graciosa)
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