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Santa Cruz da Graciosa

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sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Outra solução; um desafio de modernidade (publicado no Diário da Graciosa)

Todos, certamente, serão contra o aborto, ninguém o tem defendido como atitude correcta ou prática “normal”. Porquê, então, liberalizá-lo até às 10 semanas como solução para a despenalização da mulher? Porquê terminar com uma vida, liberalizando o fim de um processo evolutivo, pelo qual todos passamos e ao qual todos devemos a nossa existência?
A questão que nos é colocada no referendo do aborto esconde em si a demissão de uma sociedade, moderna ou medieval, tanto faz, que aceita como solução para o problema da penalização da mulher, o fim de uma vida, e não a interrupção porque se trata de terminar e não de interromper. Interrompe-se uma gravidez mas acaba-se com uma vida, e o aborto é aborto na primeira semana na décima ou na trigésima quinta.
Mas esta demissão da sociedade torna-se incompreensível porque para a despenalização da mulher existem formas que podemos determinar repressivas mas que implicam em si, só a prevenção. E, o reconhecimento de que o aborto é mau, repreensível e de prevenir, não se resolve com a sua liberalização, nem tão pouco este referendo responde às questões que pretende resolver.
Desde logo, não responde à questão da penalização das mulheres que vão abortar, decerto clandestinamente, depois das 10 semanas. A grande questão passa por aí, se queremos despenalizar a mulher, despenalizamos depois das 10 semanas mas, certamente, que não com a liberalização até ao fim da gravidez.
Então em que ficamos? Como resolver o problema dos abortos depois das 10 semanas? Insistimos que as mulheres abortem logo para não correrem o risco de serem penalizadas? Vamos despenalizar depois das 10 semanas alterando a moldura penal ou permitindo suspensões de processos? Bom, se vamos alterar a lei penal para após as 10 semanas para resolver o problema da despenalização sem recorrer à liberalização, então este referendo mais deixa de ter sentido.
E não notam também aqui uma forma de publicitar o aborto? E se todos são contra o aborto então vamos promovê-lo?
Acresce que esta pergunta do referendo também não responde à questão do aborto clandestino, vai aumentar o aborto legal e reduzir o aborto clandestino, contudo a clandestinidade será também maior (o mercado ocupa-se disso).
Então se esta pergunta do referendo não dá a resposta que se propõe dar e nós já sabemos disso, por que iremos nós pôr fim a uma vida?
Modernidade?
A nossa sociedade não pode, portanto, aceitar demitir-se de resolver o problema da penalização das mulheres e do aborto clandestino, já que não é este referendo que resolve estas questões e a resposta está noutra solução, uma solução de defesa de valores que nos humanizem e nos afastem do individualismo e do egoísmo, onde o Estado aposte nos seus cidadãos, na família e no apoio aos mais desfavorecidos, onde o Estado se comprometa com o empenho de querer resolver os seus problemas sem os querer esconder.

Pelo facto do aborto não ser solução no quadro que nos propõem referendar, porque a vida deve ser preservada, porque a mulher continuará a ser penalizada e/ou a viver traumatizada, eu voto NÃO.

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