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Santa Cruz da Graciosa

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terça-feira, maio 22, 2007

Graciosa, ilha traída (publicado no Diário da Graciosa)

Na semana que passou, a Graciosa assistiu a um intenso debate político provocado pela avaria do navio de passageiros que nos iria servir este Verão.
Mas esse intenso debate foi transferido por uma manobra de diversão do partido do governo que, sem saber onde procurar justificar a sua falta de modelo de desenvolvimento para a nossa ilha, vai lançando mão de expedientes para tentar distrair sobre esta inexplicável falta de resultados e de políticas que invertam de vez o declínio social e económico a que fomos expostos.
Não deixa de ser interessante verificar que nem agora, após uma das maiores facadas que alguma vez a Graciosa levou pelas costas, os deputados do PS são capazes de uma palavra de alerta e de defesa dos interesses dos seus eleitores.
Ao invés disso assumem, mais uma vez, a posição de defensores do atraso a que nos votaram e assim acabam por ser eles os maiores culpados por não existir uma política diferenciada, capaz de combater o esquecimento e a desertificação da Graciosa.
Já sei, lá vão eles dizer que os odeio, que guardo ressentimentos vá se lá saber de quê, que me devia distrair com festinhas e bailinhos, mas quando me deparo com as declarações de, que nesta história do Ilha Azul “ninguém é responsável” ou que, perante a alternativa encontrada das viagens na SATA e carros nos TMG esta era a “melhor possível”, sou deveras tentado a não ficar calado e a não deixar de dizer o que penso.
Também já sei que não pensam como eu e que dão graças a Deus por isso, mas eu nem lhes peço que me acompanhem no pensamento, apenas gostava que contrariassem este estado de coisas a que chegámos onde nem sequer somos capazes de ter força política para obrigar um navio a ser reparado para poder cumprir os objectivos a que foi destinado.
E se dúvidas houvesse sobre a nobreza desse objectivo, elas logo se esclarecem perante a constatação de que esta ilha, da coesão e com intenções de ser acarinhada, logo passou a ser uma ilha fora dos Açores, uma ilha excluída, entristecida e desiludida, uma ilha verdadeiramente traída.
E este sentimento não é de quem viu o colega do lado tirar melhor nota, é o sentimento do aluno que, tendo estudado, não teve os favores do professor e este, inexplicavelmente, elegeu o cábula simpático para o quadro de honra.
Depois disto, e esperando que a velha barcaça acabe por viajar o mais depressa possível para esta ilha, já sei que se preparam outras manobras de distracção, é mais uma inauguração da nossa escola, um projecto para o museu, um caminho rural no alto do Sul, um projecto para o novo centro de saúde, o centro de visitantes da Caldeira e o lançamento da primeira pedra do hotel, aliados aos pontões para o porto de pescas, convenientemente chegados por altura de mais uma visita estatutária.
Já sei tudo isto e já todos sabemos que isto é tudo, ou quase tudo. E não é suficiente, não é só isto que precisamos. Tudo isto é pouco, muito pouco e todo este betão apenas servirá para, novamente, distrair do essencial. E esse essencial é que não somos vistos e achados, somos excluídos e esquecidos, não temos quem nos defenda nem quem nos console, continua a não
haver uma definição das políticas que possam diferenciar-nos, que nos ajudem a encontrar o rumo para valorizar todo o cimento que nos deitam por cima e que combatam este, cada vez maior, número de pessoas a preparar a sua vida para mudar de ares, para outras paragens, em busca de um futuro melhor, perto dos filhos.
O que vamos tendo, é uma ânsia de calar as vozes que defendem a ilha, é um situacionismo de garrote em punho à procura do próximo espirro, qual
Torquemada, numa azáfama de egoísmo e individualismo, incomodado com o desejo de um povo que quer que exista luz ao fundo do túnel.

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