As questões relacionadas com o desenvolvimento da ilha Graciosa não podem ser vistas despidas da especificidade que caracteriza a ilha e a sua inserção no contexto arquipelágico.
Esta realidade tem sido aceite por todos e tem sido bandeira para muitos a enunciarem nos propósitos de desenvolvimento económico dos Açores.
Mas vamos lá pôr a mão na consciência e questionar se o campo das intenções encontra resultados no campo das realizações.
Se olharmos para a evolução da ilha, a desilusão crescente da população, o descrédito e a desconfiança no futuro, só podemos concluir que teimamos em não definir o rumo certo e insistimos em não enfrentar o problema com a necessária coragem, imaginação e inteligência.
Tomemos como exemplo a situação criada pelo modelo de transporte marítimo de passageiros que deposita toda a sua programação num único navio, de idade avançada, difícil de substituir em curto prazo, e além do mais, caro, muito caro.
Perante qualquer pequeno problema toda a operação é posta em causa, não há forma de corrigir, não existe plano “B”.
Estamos então perante um modelo ineficaz e inoperante.
Impõe-se portanto pensar em alternativas que sejam adaptáveis à realidade desta ilha sem fugir ao pressuposto de que a fragilidade económica necessita de medidas excepcionais.
Numa perspectiva de enfrentar a verdadeira questão, temos de assumir como imprescindível a aposta no tecido empresarial da Graciosa, no seu crescimento e desenvolvimento, permitindo que as tais medidas de excepção permitam, de facto, um sério e cuidado investimento. São as empresas que criam empregos e é o emprego que constitui antídoto para a desertificação.
Já, por diversas vezes, venho sugerindo uma política adaptada à realidade do isolamento e dos constrangimentos a ele ligados. Hoje, mais do que nunca, exige-se que exista, verdadeiramente, um conhecimento profundo do que somos, do que queremos ser, e do que podemos ser.
Só através desse aprofundamento dos conceitos e do conhecimento, com um empenho efectivo na descoberta de estratégias, podemos levar por diante esta aventura de vida insular e “graciosa”.
Na ilha Graciosa faz falta discutir o futuro, propor alternativas, opinar, ouvir, exigir e procurar alcançar o bem comum. Este espaço pretende dar um contributo. Não teremos sempre razão nem seremos donos da verdade, queremos apenas ser uma pedra no sapato da inércia, da falta de visão e imaginação, do imobilismo estratégico e da cultura do "yes man". Temos uma tarefa difícil, temos de partir muita pedra mas não nos importamos, o burgalhau é sempre útil!
sexta-feira, maio 18, 2007
Uma ilha uma estratégia (publicado no Diário da Graciosa)
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