O Governo Regional aprovou, em Novembro de 2005, a construção de 4 (quatro) navios de passageiros, naquela que foi a profecia de mudança (mais uma!) para o sucesso de uma operação em que as rosas teimam em criar espinhos.
Quatro anos e trinta e tal milhões de euros mais tarde, sem dinheiro e sem navios, teremos, finalmente, a oportunidade de apurar por que fracassou o transporte marítimo de passageiros e por que razão ainda ninguém sabe quem são os responsáveis por este calamitoso negócio, delineado por uma empresa pública regional às ordens da tutela.
A criação de uma comissão de inquérito ao transporte marítimo de passageiros é como um espinho brotando numa mão fechada, descobrindo aquilo que tanto temiam confessar antes de um período eleitoral.
Foi o próprio Partido Socialista quem denunciou ser imprudente avançar com uma comissão de inquérito ao transporte marítimo antes das eleições.
E por que se aprova agora a sua constituição?
Quando a comissão foi proposta pela oposição, cabia ao PS aprovar ou atrasar.
Fizeram o que mais lhes convinha, atrasaram.
Sabe-se agora (já se sabia!): - foi por causa das eleições!
Neste processo o governo vê dezenas de milhões de euros desaparecer dos cofres da região, e outros tantos gastos em concursos de frete.
Já do frete que é cuidar de tanta incompetência, terá de haver responsáveis.
E os tais trinta e muitos milhões, cuja devolução o governo garantia com um simples estalar de dedos passaram, depois de uns quantos pareceres e conselhos avisados, a ser negociáveis!
O Governo já deu o seu assentimento em formar um tribunal arbitral para decidir o valor dos erros de cada um (Estaleiros, Atlanticoline e Governo). Talvez pagando todos pelos erros concebidos pela incompetência dos parceiros.
Cabe ao Parlamento demonstrar que é capaz de ser juiz em busca de algo mais do que alguns milhões de euros: Conhecer a verdade. Descobrir o porquê deste insucesso, o porquê deste fracasso, e por quem, afinal, se pedirá: Clemência!
Pode ser que todos queiram que tudo se saiba, que tudo se apure.
Pode ser que, pelo menos, não continuem a atrasar a verdade e a fazê-la depender dos melhores momentos de distracção geral.
O PS tem agora o dever de deixar a comissão de inquérito fazer o seu trabalho, livre das suas estratégias eleitorais e do seu oportunismo político.
Os espinhos, esses, vão aparecendo à medida que a rosa, inebriada no seu próprio perfume, vai perdendo a frescura e o encanto.(publicado no Diário Insular de Terça-feira, 3/11/2009)
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