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quarta-feira, outubro 30, 2013

A máscara da austeridade Açoriana


(artigo de opinião publicado hoje no Diário Insular)
 
De há uns anos a esta parte vem-se instalando uma crise social sem precedentes nos Açores.
E não me refiro apenas aos últimos dois anos, coisa muito na berra por via da austeridade "troicana".
A crise social dos Açores vem de antes dessa monumental austeridade. E estou à vontade para o dizer pois já em 2009, aquando do conhecimento de um estudo publicado pelo Banco de Portugal em que, avisadamente, se afirmava que um quarto dos Açorianos vivia em situação de pobreza, fiz questão de denunciar essa realidade que, entendia, devíamos ter em devida conta, sob pena de nos aquartelarmos numa sociedade de mendicidade, ainda que envergonhada, e na falta de soluções sustentáveis para fazer os Açores sair da cauda dos indicadores de desenvolvimento social do país e, por sinal, da Europa.
Um quarto da população, está bem de ver, são 25%.
Em resposta veio a negação por parte do Governo Regional. A tese era simplista, a desculpa era a de sempre: Antes disso estávamos piores.
Como se o "antes disso" não fosse já  fruto das opções tomadas na última década em que se promoveu a insustentabilidade de um certo estilo de vida e em que se fez os possíveis para "maquilhar" as situações de dependência extrema em que muitos já se encontravam.
Na verdade, os dados da pobreza nos Açores não condiziam com o sucesso aparente de uma governação baseada em grandes feitos, grandes obras e grandes eventos. Milhões para aqui e para ali não se compadeciam com a existência de um quarto da população a aparar as migalhas que caiam da mesa num banquete de tantos feitos e opulência.
Entretanto chegou a austeridade do resgate do país, e com ela o acumular de uma situação que, entretanto, se tornou insustentável.
Ficou fácil novamente passar uma mensagem de que a culpa seria alheia e, vai daí, toca a mandar tudo para as hostes da República, e para o governo "dos outros".
Entretanto, por cá, anuncia-se um corte, que se diz ligeiro porque não atingirá nos próximos dois anos mais do que 10% de valor pago, e imagine-se, atingirá "apenas" 25% dos visados.
A roupagem que vestiram a esse corte é a do rigor e transparência!
Refiro-me, naturalmente, ao novo modelo de financiamento das IPSS nos Açores, aprovado com a oposição de toda a oposição, e que irá cortar financiamento em 25% das IPSS.
25%, está bem de ver, é um quarto das IPSS.
Ou seja, nos Açores, impor austeridade cortando 10% a um quarto das instituições que têm de lidar cada vez com mais trabalho na realização do famoso "Estado Social", tem cognome de rigor e transparência.
Digam lá que não é uma bela máscara de austeridade!


1 comentário:

Anónimo disse...

pois é. tens toda a razão.
já o disse anteriormente e sem papas na lingua: o governo deve ás ipss dinheiro de subsidios de turno e diuturnidades desde 2009. no caso que conheço, em particular, já nos devem 86 mil euros... e estou a falar de lares de acolhimento, a testa de ferro em primeira linha do estado social. se estes não são importantes e não devem ser pagos - trabalho que deve ser assegurado pelo estado e é feito por voluntarios gratuitamente, imagino o que raio queiram dizer quando defendem o estado social. pelo menos paguem os empregados e assegurem os protocolos!

RD