Ouvi, sem grande espanto atendendo ao mensageiro, o líder  parlamentar do PS Açores a apelidar de vazias um conjunto de propostas  apresentadas pelo PSD Açores no parlamento regional. Tendo sido essas propostas  resultado de contactos com muitos açorianos e muitas instituições, deixo ao sr.  Berto os seguintes desafios: Pergunte a uma mãe, com filhas gémeas, ambas com  necessidades educativas especiais e com patologias diferentes, se a proposta  para o aumento da idade no âmbito da intervenção precoce não faz diferença no  diagnóstico, acompanhamento e estratégias de actuação transdisciplinar, ou se a  proposta de actuação na adequação e intervenção dedicada dos técnicos no âmbito  dessa intervenção precoce, possibilitando que ao nível concelhio se possa  actuar por forma a criar efectivas estratégias e modelos de intervenção  individualizados em contexto e ambiente escolar ajuda ou não no propósito de melhor  responder às necessidades educativas das suas crianças.
Pergunte, também, às escolas e a quem trabalha com as  necessidades educativas especiais, se os técnicos em falta nas nossas escolas  não são imprescindíveis para concretizar uma escola inclusiva, em que não se  esconde a diferença mas onde se partilha e aprende com cada individualidade. Ou  pergunte aos técnicos formados em terapia da fala, terapia ocupacional,  fisioterapia e outras especialidades em falta, mas que estão no desemprego na  nossa região, se o investimento nos seus conhecimentos a favor da comunidade  faz ou não sentido.
Ou pergunte a uma IPSS se consegue fazer face às necessidades  dos seus destinatários do apoio domiciliário, de segunda a sábado, deixando de  fora da equação da prestação social os domingos e os feriados, ou ao idoso que  recebe esse apoio domiciliário se é relevante este ser prestado da forma que é  proposta, sete dias por semana.
Ou pergunte a outra IPSS, que actua em todo o seu concelho,  se os gastos da sua congénere, que recentemente iniciou actividade e não tem o  mesmo volume de despesa em termos salariais ou de custos de funcionamento, são  comparáveis ao custo cliente, suportado para prestar o mesmo apoio social, com  a qualidade que é exigível na prestação contratada, apesar de ambas prestarem  um serviço social necessário e adequado.
Pergunte, ainda, àquelas famílias monoparentais, em que não  existe qualquer rendimento, por desemprego ou inactividade, se não faz  diferença poder mais rapidamente por termo à inactividade, beneficiando de um  olhar prioritário no acesso a programas de apoio ao emprego ou à reconversão e  valorização profissional.
E pergunte aos beneficiários dos apoios sociais, ou aos  açorianos que vivem mais carenciados, se não é muito mais adequado que exista no  terreno uma rede social, que partilhe e canalize informação, melhor respondendo  a quem mais necessita, evitando que quem já passa por dificuldades tenha de  andar de porta em porta, procurando o lugar certo para atender à carência que  urge resolver e assistindo ao dispersar das respostas sociais ou ao mau  aproveitamento dos recursos.
São estes açorianos, pessoas concretas que sofrem pelo tempo  de dificuldade que se vive na região, com os piores indicadores sociais do  país, onde é mais premente saber dirigir uma atenção especial a quem mais  necessita.
Não tenho esperança nem que o sr. Berto faça as perguntas,  nem que saiba as respostas, mas mantenho alguma esperança que no partido do sr.  Berto impere o bom senso na implementação destas medidas.
(Rádio Graciosa, Diário Insular, Açoriano Oriental)
 
 
 
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